Em 2016, foi inaugurada em Budai, na província litorânea de Chiayi, em Taiwan, uma igreja no formato de um sapato feminino de salto alto. Segundo Pan Tsuei-ping, gerente do órgão de Turismo responsável pela ideia, essa nova igreja não será usada para missas de rotina, mas só para cerimônias de matrimônio.
A ideia é atrair mulheres de todo o país para ali realizar seus casamentos: “Nosso plano é fazer um local feliz e romântico… Toda menina imagina como será quando se vestir de noiva”. A estrutura com 320 painéis de vidro azul, com 17m de altura e 11m de comprimento, foi edificada em três meses por US$ 685 mil.
A Igreja-sapato causou espécie nos meios cristãos pelo seu formato pouco convencional. Depois de décadas de intolerância, os católicos brasileiros já aceitam o modernismo de um Oscar Niemeyer na Igreja da Pampulha ou na Catedral de Brasília. Mas o pós-modernismo de uma igreja-sapato desafia conceitos tradicionais de beleza e os padrões vigentes do funcionalismo da arquitetura.
Os idealizadores da Igreja-sapato não pretenderam desrespeitar nenhuma religião, mas criar um “lindo” cenário para casamentos. Embora pareça evocar o sapatinho de cristal que Cinderela perdeu no baile da Corte antes de sua carruagem voltar a ser uma abóbora, e graças ao qual ela fisgou seu Príncipe Encantado, a Igreja-sapato pretenderia homenagear uma mulher da região cuja vida não foi nenhum conto de fadas.
Na década de 1960, uma jovem pobre chamada Wang, de 24 anos, ficou doente e teve que amputar as duas pernas, tendo seu casamento cancelado. Ela viveu o resto de sua vida solteira, morando numa igreja.
Não se sabe, porém, se esta triste história é verdadeira ou apenas um conto de fadas pós-moderno para aplacar as críticas dos fundamentalistas raivosos que odiaram a Igreja-sapato pela sua evocação da tradição das “princesas” da Disney.
Um ano após a inauguração da Igreja-sapato, os entornos do suposto templo foram enriquecidos com esculturas e luminárias de anéis de casamento e outros enfeites Kitsch relacionados aos enlaces matrimoniais, de modo a tornar o local um pequeno parque temático para o turismo casamenteiro.